Ensino superior | praxe

A praxe é contagiante!
     O meu ano de caloira está a acabar! Agora que lembro de tudo o que fiz, o ano passou demasiado rápido. Parece que foi ontem que cheguei a universidade no dia das matrículas e fui abordada com a pergunta “Queres fazer parte da praxe?”. Eu não questionei sequer o que era a praxe, simplesmente disse que sim pois seria um novo desafio que eu queria descobrir.
     A praxe é sem dúvida a tradição mais linda que eu já vi e vivi, digam o que quiserem, a praxe é contagiante. Inicialmente, ouvi muitas opiniões sobre a praxe, sobre aquilo que devia ser e até mesmo sobre o que era a minha praxe e, através dessas opiniões, construí uma postura que não foi de todo a mais adequada para o ambiente. Realmente foi muito confuso para mim obedecer a pessoas da minha idade ou até mais novas que eu. Na minha cabeça não fazia sentido estar ali a ouvir aquelas pessoas a pedirem para olhar para o chão, para não falar com meus colegas em bloco e até mesmo a tratar pessoas novas por “você”, enfim eu não sabia nada, aliás, um caloiro nunca sabe. Eu vivi um ano de caloira muito intenso, foi complicado no início aceitar que a condição necessária para estar na praxe era obedecer e respeitar as ordens. Depois da aceitação vem o amor, amor ao curso, ao macacão, aos meus colegas e aos momentos que conseguimos construir. Nesses pouco menos de 9 meses, senti tanta coisa que é difícil reportar em palavras.
     O primeiro ano de universidade é sempre o mais difícil, com a distância dos familiares, ter que criar novos laços e tudo isso leva-nos ao cansaço emocional e estar sozinha não ajuda nada. Nesses momentos a praxe esteve lá, quando as coisas não corriam bem em casa, quando as amizades não estavam a funcionar com a distância, quando o relacionamento já não resultava, a praxe esteve sempre lá e sem me aperceber, aquilo que era um desafio tornou-se a ponte de todos os laços emocionais, um refúgio para tudo aquilo que não corria bem. E hoje sinto uma enorme gratificação por tudo o que a praxe conseguiu transmitir, não se trata só de integração mas também união, respeito, amizade, solidariedade e acima de tudo, uma família através dos sorrisos, das brincadeiras, das lágrimas, dos momentos sérios e memoráveis. Quando estava em praxe, não conseguia pensar em mais nada a não ser naquilo que estava a fazer naquele momento. Houve muitas lágrimas sim, houve momentos em que pensei em desistir, houve momentos em que só queria desaparecer dali, houve momentos em que ninguém entendia o porquê de querer tanto a praxe, mas também houve alturas em que eu só queria que aquele dia tivesse mais horas só para estar mais tempo com todos, houve momentos mágicos, houve muito orgulho e alegria. Vou sentir imensas saudades de ser praxada, de ouvir na cabeça por erros evitáveis, saudades de cada abraço, de cada música e de cada hino de curso que só demonstrava que eu fiz a escolha certa quando não desisti, quando não virei as costas.
     Na reta final sentimos as coisas em contagem decrescente, e é aqui que a praxe se torna contagiante, na compra do traje, o sentimento de “tudo valeu a pena” e um orgulho enorme, uma felicidade sem dimensões. Obviamente que qualquer aluno pode vestir o traje e eu não sei qual é a sensação de quem está de fora, mas para mim o traje simboliza muito mais que a academia, simboliza o amor ao meu curso, a cada momento passado em bloco e com os meus doutores, o orgulho de conseguir chegar ao fim, de conhecer pessoas incríveis, simboliza a melhor experiência que vivi e é o testemunho que isto não acaba aqui.
      A praxe é contagiante e é uma experiência para a vida toda, aconselho a todos que experimentem pois a praxe não é o que a sociedade fala, não é o que a tua família receia, a praxe é aquilo que cada um sente, um culminar de emoções e lições que vão andar sempre connosco durante a vida académica, são momentos únicos. Experimentem e aproveitem porque cada minuto vale a pena e infelizmente, passa muito rápido.
caloira de educação

Comentários

  1. Que testemunho maravilhoso *-* fiquei com vontade de voltar atrás no tempo e viver tudo novamente!

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  2. Não andei na praxe, mas verdade seja dita passou tudo muito rápido e agora sou finalista

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